Os cuidados no transporte de vinho

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Para o mercado de vinhos, está época do ano é bastante especial. O início do outono e suas temperaturas mais amenas, aliado à proximidade da Páscoa, fazem com que a bebida seja mais consumida e as empresas que fabricam e importam o produto precisam estar preparadas para atender a este aquecimento de demanda.

E muitos são os fatores que fazem com que o vinho chegue à mesa dos consumidores com toda a sua qualidade e sabor. Da especialidade da uva ao processo de envelhecimento da bebida, tudo influencia na qualidade do produto.

A importância do transporte correto

Mas há um fator que é tão importante quanto o processo de fabricação do vinho e que muitas vezes acaba em segundo plano e que pode causar efeitos bastante negativos para o vinho: o seu transporte!   

E quem confirma isso é Carlos Cabral, especialista de vinhos da Rede de Supermercados Pão de Açúcar e um dos maiores conhecedores de vinho no Brasil.

“Todo vinho é um produto vivo: ele nasce, fica adulto e morre! Portanto os cuidados com o seu transporte e armazenamento devem ser muito diferenciados. Um vinho só deve ser agitado no momento de sua degustação para que libere seus aromas. Portanto, quanto menos movimento se fizer em uma caixa de vinhos ou mesmo na exposição da garrafa, mais favorável será para a manutenção da qualidade do produto final. Os vinhos espumantes, então, requerem maior cuidado ainda, pois ao serem agitados, aumenta-se a pressão interna na garrafa”, revela.

Além disso, o fator temperatura também influencia diretamente no sabor e aroma do vinho e o seu transporte precisa levar em conta esta questão. “No transporte deve-se tomar muito cuidado com a exposição ao calor: uma carga descoberta ou não transportada em um caminhão baú e sem refrigeração por muito tempo pode alterar as qualidades de um vinho. Por isso, cada dia mais, vem ganhando força a utilização do container refrigerado para a importação de vinhos e o transporte interno pelo nosso imenso Brasil. Esse equipamento é muito benéfico ao transporte do vinho. Se todos os vinhos fossem assim transportados evitar-se-ia muitos problemas”, acrescenta Cabral.

De acordo com Filipe Veras, da ABC, o transporte de vinho necessita de experiência e tecnologias. “Além de conhecer as características da carga, para se trabalhar com vinhos é necessário ter uma série de ferramentas que irão garantir a qualidade do produto”, explica.    

Cuidados extras: da manipulação ao transporte

Isso porque, os vinhos são mercadorias frágeis e delicadas e por isso devem ter um cuidado especial sempre: do manuseio, ao transporte, passando até pela escolha das embalagens. Até porque qualquer descuido durante esta cadeia pode alterar as propriedades organolépticas, aquelas que podem ser percebidas pelos sentidos humanos, como cor, sabor e aroma.

No manuseio, por exemplo, é preciso atentar para o limite de empilhamentos dos volumes, fazendo uma correta distribuição de peso evitando assim uma pressão excessiva nas caixas que ficam embaixo.

As embalagens mais indicadas são a de papelão reforçado com divisões no interior para impedir que as garrafas se choquem umas contras as outras.

Já no transporte, conforme disse Veras, uma transportadora especializada terá containeres refrigerados ou malhas e mantas térmica que são também uma excelente solução para o transporte dos vinhos. “Essas mantas são feitas de alumínio e envolvem a mercadoria, ajudando a manter a temperatura ideal”, revela.

E para saber se tudo está dentro dos padrões é muito comum o uso de dataloger, um aparelho acoplado dentro do container que, ao final da viagem, mostra qual temperatura foi medida durante todo o percurso.

“O mau transporte precipita, muitas vezes, a maturação rápida de um vinho. Se for um vinho branco e o calor for intenso na hora do transporte pode ocorrer a oxidação e, dependendo da qualidade da rolha, pode ocorrer até a evaporação. Lembremos que o álcool na presença de alta temperatura evapora-se. No Brasil, esses cuidados devem ser redobrados por dois motivos: o primeiro é que somos um país tropical, as temperaturas são diferentes dos países do hemisfério norte. Segundo, pelo baixo consumo de vinhos no Brasil, somente 2 litros per capita, é provável que uma garrafa fique muito tempo exposta à venda, ou seja, o giro do produto é lento, e se seu transporte já não foi feito com o devido cuidado, este vinho pode vir a se estragar mais facilmente”, finaliza Cabral.

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